A pé ou de carro

Jane Hirshfield e a ligação entre ciência e poesia

«A arte permite-nos fazer parte de uma comunidade, mesmo na solidão», disse a poeta e escritora Jane Hirshfield numa entrevista para o podcast Science Friday. A solidão que ela tinha em mente era precisamente a que estamos a viver coletivamente, ao sermos «forçados a distanciar-nos uns dos outros».

Quando a entrevista foi marcada para este episódio, «o mundo era um lugar muito diferente»: Hirshfield fora inicialmente convidada para falar sobre as mudanças climáticas e a ligação entre ciência e poesia (que o entrevistador, John Dankosky, considerou «uma ferramenta para observação tanto quanto a ciência»). Os poemas que Hirshfield vinha partilhar poderiam agora conceder algum equilíbrio no meio da crise.

Hirshfield sentiu-se sobressaltada ao tomar consciência de que um dos poemas, Cataclysm, que começara «como uma descrição de um desemaranhar ecológico, se tornou, metaforicamente, uma descrição bastante fiel do distanciamento social». Para ela, esta crise está enraizada na grande crise ambiental de que temos consciência desde antes do primeiro Dia da Terra, em 1970 (em que participou entusiasmada uma Jane Hirshfield de 17 anos), e sente a angústia do que considera «não uma falha de conhecimento, mas a falha de levar esse conhecimento a sério. (…) É incrível quão pouco foi feito».

Abaixo, encontram o poema Cataclysm (este, bem como mais material de Hirshfield e outros poemas que ligam arte e ciência, encontram no site do Science Friday).

Cataclysm

It begins subtly: the maple withdraws an inch from the birch tree.

The porcupine wants nothing to do with the skink.

Fish unschool, sheep unflock to separately graze.

Clouds meanwhile declare to the sky they have nothing to do with the sky, which is not visible as they are,

nor knows the trick of turning into infant, tumbling pterodactyls.

The turtles and moonlight? Their long arrangement is over.

As for the humans. Let us not speak of the humans. Let us speak of their language.

The first-person singular condemns the second-person plural for betrayals neither has words left to name.

The fed consider the hungry and stay silent.

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